Rádio Café Viola toca o melhor do sertanejo raíz

sexta-feira, 18 de julho de 2014

RELEMBRANDO - Por José Lopes Lisboa

É muito fácil e prazeroso relembrar e contar histórias da vida campestre tendo como fundo musical essas músicas que tocam na radiosaladevioleiros.com.
O cotidiano de quem mora ou morou na roça é sempre recheado de coisas simples que dá prazer em relatar e as recordações sempre nos transporta ao passado por mais distanciado esteja.
Infância boa, feliz? Sim, quando passada livre entre os grandes campos, florestas, fontes de águas cristalinas, cachoeiras e rios onde nadava-se de braçadas. Eu tive essa sorte nos tempos em que morava com meus padrinhos; uma infância livre como a vida dos pássaros, era só pedir a bênção aos padrinhos e saia movido ao frescor do vento, peito aberto à brisa a encontrar os amigos mais ou menos da mesma idade para brincar, nadar, pescar, jogar com bola de meia nos terreiros de café, nas gramas dos pastos ou no meio da estrada. Ainda tinha as famosas bolinhas de gude com regras criadas por nós mesmos, muitas vezes decidia-se na força, sabe como é criança, sempre acha razão onde não tem, qualquer coisa inventa.
Tem fatos que marcam mesmo: um deles é o tempo da frutas maduras e além daquelas que eram plantadas nos quintais e no meio das lavouras de café, na beira das estradas e aquelas que os mais velhos conheciam, as frutas silvestres nascidas no meio dos campos e matas virgens. Entre elas havia uma qualidade que fazia mais fartura, as jabuticabas gigantes. Eu subia em uma árvore paralela e quando chegava a uma boa altura passava para a jabuticabeira e descia derriçando  as frutas com a sola dos pés e pegava o quanto podia, por que só produzia uma voz no ano, mas dava para encher o balaio no grotão do português.
Eu e meu padrinho (quase pai) saíamos da casa levando um saco e uma quiçamba nas costas, um facão, canivete, foice e espingarda chumbeira (de carregar pela boca) para nos prevenir se por acaso algum bicho tentasse nos atacar e só voltávamos quando enchia as vasilhas. Era uma mata fechada que abrigava varias espécies de aves e animais. Facilmente se via inhambú, mutum, jacutinga, saracura, pombas amargosa e trocal, e as que conhecíamos como aves da gaiola, canários, azulões, trinca-ferro, catatau, cigarrinha, bico-de-louça, sabiá, galo da serra, sofreu, pintasilva, gaturamas ferro e mirim, bicudos e cardeais.
Imagine um ambiente assim às cinco horas da manhã, que orquestração mágica! A gente ouvia embevecido. A palavra estresse era desconhecida naquele tempo; o que conhecíamos era somente a harmonia da natureza verde e viva ao som das águas, do vento, do trovão a da fauna inteira e, para completar o quadro mais lindo criado pela mãe natura, figuravam as margens dos riachos cobertos de trepadeiras carregadas de flores de cores variadas, o colorido das borboletas e das abelhas a doçura do mel.
Esta sim,  pode ser chamada de infância plena  e eu nem sabia! Poucos tiveram o privilégio de viver isto. Eu sou abençoado!..

José Lopes Lisboa
saladevioleiros.blogspot.com  

segunda-feira, 14 de abril de 2014

SALA DE VIOLA VICENTE MACHADO

Sala de Viola Vicente Machado no Mecado Novo. 
Que eu saiba, é o mais antigo e inspirador de todos os Encontros de Violeiros da região metroplitana da capital mineira.
Não podia haver melhor loocalização, tão fácil de chegar, convergente e onde já existe significativo comércio de bens, arte e serviço, em plena atividade condizente com a música sertaneja.

Tivesse sido criado e implantado ali um conceito de administração saudável apontando para a institucionalização, seria hoje, sem contradita, uma entidade fortalecida e abrangente, um ponto de apoio e incentivo à violeirada mineira com repercussão nacional e recursos próprios para gerir atividade comercial sem fins lucrativos, porém de autosustentação, expansão e impulso à cultura sertaneja autêntica.

Contribuir com apresentações de duplas e trios, apoiar os começantes que vêm surgindo e oferecer conforto aos visitantes devia ser a tônica sa Sala, sem favor nenhum, além de bem reprensentar os trabalhadores da nossa música diante dos órgãos competentes, principais canais de divulgação, apreciadores e ao povo em geral.

Esta devia ser a meta, a grande finalidade da Sala, em benefícios de todos.

Entretanto... 
Falta sonho! Falta atitude empreendedora. Falta torocínio. Falta tudo!



Everalçdo Reis Teixeira
saladevioleiros.blogspot.com

quinta-feira, 13 de março de 2014

FILHO DA ROÇA

Sou filho da roça morei em palhoça
De beira de rio em tempo de frio
Sou filho caçula criado sem gula
Não tive escola nem tempo pra bola
Ainda menido bem posto e traquino
Serviço pesado fazia dobrado
Enquanto crescia também aprendia
Fazer tudo certo sem ninguém por perto

Finais de semana eu todo bcana
No meu alazão dobrava espigão
Pra ir à festança de reza e dança
Eu não só rezava também namorava
E tinha um plano aos 21 anos
Mudei pra cidade por necessidade
Passei privação aprendi profissão
Depois me casei e divorciei

Ganhei quatro filhos exemplos de brio
Encheram meus dias de grande alegria
Carrego saudade e muita vontade
De sempre crescer sem enfraquecer
É grande a distância da minha infância
Embora matuto colhi belos frutos
Cansado de nada nem penso em parada.

Everaldo Reis Teixeira
saladevioleiros.blogspot.com